Nos últimos anos, surgiram em todos os continentes novos festivais internacionais de literatura, que destacam a importância da literatura e desempenham um papel crucial na mediação literária — incluindo para crianças e jovens. O primeiro festival literário realizou-se em 1949, em Cheltenham — atualmente existem mais de 200. No entanto, nunca houve uma ampla troca entre os festivais acerca de formatos e conteúdos. Esta interação é urgentemente necessária numa época de profundas transformações culturais, políticas e mediáticas, que colocam em risco a sobrevivência dos festivais literários. O festival “World Voices”, fundado em 2005 por Salman Rushdie em Nova Iorque, cancelou a edição de 2024 devido a protestos e apelos ao boicote relacionados com a guerra em Gaza. Festivais no Reino Unido, como os de Hay on Wye (maio de 2024) e Edimburgo (agosto de 2024), tiveram de ceder à pressão de ativistas, autores e participantes, interrompendo a colaboração com o seu patrocinador de longa data, Baillie Gifford, alegadamente devido à insuficiente atuação da empresa na proteção do clima. Outro tema em destaque é a inteligência artificial, que já produz textos literários. Serão alguns desses textos verdadeiramente literários? Será que ajudam na escrita e na tradução literária? Quem utiliza ChatGPT e programas similares? As redes sociais, inicialmente vistas como instrumentos corretivos e garantidores de uma comunicação eficiente “na base” para o setor literário, sofreram mudanças profundas após a aquisição do Twitter e X por Elon Musk e a rejeição dos fact-checkers por Mark Zuckerberg no Facebook e Instagram. O setor literário terá que lidar com estas transformações, tanto no conteúdo como na comunicação. O congresso terá lugar em Lisboa. Porquê Lisboa?

Um evento deste tipo poderia realizar-se em Marselha, Nápoles ou Montevideu — na verdade, em qualquer lugar e até de forma privada. Mas Lisboa desenvolveu-se nos últimos anos numa das capitais europeias mais atraentes — arquitetónica, culturalmente, a nível de infraestruturas e, claro, pela proximidade do mar e do rio Tejo. Muitos artistas escolheram residir na cidade. Além disso, jovens de todo o mundo influenciam a vida da cidade — e não apenas como turistas. Autores destacados — desde Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, José Saramago, Lídia Jorge, o italiano Antonio Tabucchi até Nuno Júdice e António Lobo Antunes — marcaram e continuam a marcar profundamente a vida literária portuguesa, também a nível internacional — tal como a biblioteca de Alberto Manguel ilustra. Lisboa, com as suas instituições literárias, teatros e outras instituições culturais, como a Casa Fernando Pessoa, a Fundação José Saramago e a Fundação Calouste Gulbenkian, tem um papel fundamental no panorama literário de elevado nível. Durante o congresso, será promovida a comunicação entre o setor literário português e os convidados internacionais. Os dias de diteratura lisboa convidam não só diretores de festivais e feiras do livro, programadores e organizadores, mas também jornalistas e fotógrafos que divulgam o centro literário lisboeta a nível mundial. Os dias de literatura lisboa compreendem o congresso mencionado e apresentações de autores internacionais e lusófonos de todos os continentes. O evento é financiado atualmente pela Fundação Jan Michalski, da Suíça, e pela associação berlinense Bebelplatz e.V., que é também a entidade organizadora. A equipa e o conselho consultivo incluem profissionais de Portugal, Reino Unido, Itália, Espanha e Alemanha. Mais informações serão disponibilizadas no newsletter de outono.